terça-feira, 28 de agosto de 2012

RG ENTREVISTA #02: NILSON XAVIER


O #RGnaTV traz um nome de nível nacional para falar sobre tudo que ele mais entende: novelas!

Nilson Xavier
   Segundo o Dicionário Aurélio, novela é uma narração, usualmente curta, ordenada e completa, de fatos humanos fictícios, mas, em regra, verossímeis; peça teatral ou romance com apresentação seriada pelo rádio ou pela televisão. Segundo os noveleiros, novela é aquele programa imperdível que faz você parar religiosamente uma ou mais vezes ao dia, cinco ou seis vezes por semana, por até 1 hora em frente à TV para saber o que vai acontecer com aqueles personagens. São pessoas que gostam, odeiam, fazem comparações, dão pitacos, mas não deixam de acompanhar a trama do primeiro ao último capítulo. Mas o melhor de assistir as novelas é passar a viver delas, é o caso do nosso segundo entrevistado do #RGnaTV.
   Essa pessoa é simplesmente uma das maiores referências sobre tele-dramaturgia brasileira. Autor do livro “Almanaque da Telenovela Brasileira”, criador do site teledramaturgia.com.br, blogueiro do UOL e colunista do portal do Canal Viva (canal por assinatura da Globosat), ele me cedeu algumas palavrinhas para falar um pouco sobre essa paixão brasileira (depois do futebol e do carnaval, claro!). Com vocês, Nilson Xavier!

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   Nilson Xavier sempre foi um apaixonado por televisão, crescendo em frente da "caixa mágica". A paixão foi tanta que ele passou a catalogar as novelas que assistia: “Foi algo natural, cresci na frente da telinha. E catalogava não só novelas, mas desenhos animados e seriados americanos também”. Quando perguntado sobre suas novelas e autores favoritos até hoje, a resposta está na ponta da língua: “Minhas novelas favoritas, das que eu acompanhei, são Vale Tudo [Gilberto Braga] e Roque Santeiro [Dias Gomes]. Dos autores, Ivani Ribeiro [autora de sucessos como “A Viagem” e “O Profeta”] e Cassiano Gabus Mendes [que escreveu novelas como “Ti, Ti, Ti” e “Anjo Mau”].

Lima Duarte, Regina Duarte e José Wilker em "Roque Santeiro".

   Em conversa por e-mail, também falamos das novelas além-Globo, como as novelas mexicanas do SBT, as quais não se diz muito fã, e do remake de “Carrossel”, onde Nilson explica bem o sucesso do folhetim da Anhanguera: “Toda novela tem seu público. Eu não sou público de novelas importadas. Acho produções como Carrossel muito boas. Atende o público infantil, que atualmente está carente”. Já a Rede Record, que tenta fazer história com tele-dramaturgia, o nosso entrevistado explica o que falta para a emissora da Barra Funda: “Falta respeito com o telespectador, principalmente com relação a horários. Público se fideliza com tempo, e a Record não aprendeu isso ainda”. Ao lembrá-lo das novelas da Manchete, Nilson mostra que guarda boas lembranças, destacando “Dona Beija”, “Kananga do Japão”, “Pantanal” e “Xica da Silva” como as melhores novelas dessa emissora, na opinião dele, extinta em 1999.

Taís Araújo foi “Xica da Silva” na Manchete.

   Também falamos de Band e a retomada da teledramaturgia deles no meio da primeira década de 2000 com “Floribella”, “Paixões Proibidas” e “Dance, Dance, Dance”, onde a primeira e a terceira, respectivamente, fizeram um relativo sucesso por terem uma pegada musical. Nilson acredita que há espaço para mais novelas desse gênero, “mas também há a hora de saber parar, de reconhecer a saturação do estilo”, completa. Ao voltarmos a falar sobre a Rede Globo e qual seria o segredo do sucesso das novelas da Vênus Platinada ele é categórico: “Produções de qualidade, que saltam aos olhos”.

Relembre a abertura de “Dance, Dance, Dance”, da Band:

   Perguntei a Nilson o que mudou nas novelas ao longo do tempo e se existia uma “receita de novela perfeita”: “Não existe receita, mas a base é o bom e velho folhetim. As pessoas parecem querer ver sempre as mesmas histórias. O que muda é a roupagem e a forma de se contar uma mesma história”. Com a ascensão de séries por temporadas e novelas mais curtas (como as das 11 da noite, que a Globo começou a fazer com “O Astro”), perguntei se as novelas “tradicionais” estariam em extinção: “Não, em hipótese alguma. E “Avenida Brasil” e “Cheias de Charme” são a maior prova disso.” Mas a melhor resposta desta entrevista estaria por vir. Se ele, que é tão entendido de novelas, escrevesse um folhetim, como seria? A resposta de Nilson foi a mais “saída pela tangente possível”: “Não seria! Não sou escritor de novelas e nem tenho essa pretensão!”. Fica aqui uma lição para este jovem jornalista: o mundo das novelas parece ser mais fascinante na frente das telas do que se atrever a escrever uma. Obrigado Nilson! =)

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