sexta-feira, 6 de março de 2015

RG RELEMBRA #13: GLUB GLUB

O quadro mais saudoso do blog mergulha fundo para contar a história de um lindo programa infantil da TV Cultura.

Esta era a abertura do programa. Lembra?

O ano é 2015, mas o RG volta 23 anos no tempo para contar a história de dois peixinhos muito fofos que assistiam TV no fundo do mar. Duvida? Então é porque você não conheceu ou viu o programa infantil “Glub Glub”, que foi um grande sucesso da TV Cultura. Lançado no dia 9 de setembro de 1991, a atração ia ao ar de segunda a sexta-feira com meia hora de duração. A intenção era de ter apenas 60 episódios, mas com o sucesso, eles gravaram 670 programas.

“Glub Glub” era apresentado por dois divertidos peixinhos chamados Glub (Carlos Mariano) e Glub (Gisela Arantes), que tinham como amiga a caranguejo Carol (Andrea Pozzi). Com direção de Arcângelo Mello Junior e roteiro de Lilian Iaki, esses personagens viviam grandes aventuras no fundo do mar, além de contar um pouco da vida marítima para as crianças. Eles também comentavam os desenhos animados que eram exibidos dentro da atração de forma extrovertida e bem-humorada.

E assim era o Glub Glub no ar (acima) e como ele era gravado (abaixo).

O cenário do programa era bem simples, já que dependia 90% do recurso eletrônico chamado chroma-key, mais conhecido como fundo verde. Com a imagem do mar inserida no fundo neutro, apenas a cabeça dos atores aparecia, devidamente maquiados e com um tipo de “cabeça” que caracterizava os personagens. Em entrevista ao portal Terra, o ator Carlos Mariano revelou que a cabeça era bem pesada no início e deu detalhes da rotina das gravações: “Melhorou depois de uns dois, três anos. Isso era uma das coisas que complicavam, era muito cansativo. A minha pesava três quilos, só que ficava toda na nuca, não era um peso distribuído, então, tinha que sustentar tudo no pescoço. Uma coisa é você ficar cinco, dez minutos, outra era gravar o dia inteiro. Era complicado. A gente gravava seis programas por semana, eram três por dia, mas em um processo longo, difícil. Daí o pessoal da equipe de produção conseguiu desenvolver um apoio para o rabo, para eu sentar quando não estivesse gravando e ter esse apoio para melhorar um pouco. A gente tirava a cabeça quando terminava de gravar um episódio. Durante a gravação de um programa inteiro eu não deveria tirar, porque borrava a maquiagem e ela era muito complicada, levava uma hora para fazer, era complexa. Então, todo mundo procurava se ajudar”, explicou.

As animações de abertura e de cenário do programa são de Flávio Del Carlo, com trilha sonora composta especialmente por Hélio Ziskind. Os desenhos animados exibidos no Glub Glub eram completamente diferentes e criativos reunindo, inclusive, filmes estrangeiros, sobre os mais variados e inusitados temas, além de uma série do cineasta Cao Hamburguer (o mesmo do “Castelo Rá-Tim-Bum”), produzida especialmente para a atração. Alemanha, Inglaterra e Tchecoslováquia foram alguns dos países de onde vieram as animações produzidas a partir de diferentes técnicas, como massinhas, bonecos, marionetes e recortes. Entre as séries infantis apresentadas no programa estavam: Socorró Vovô, Bertha e a Fábrica, Johnson e Seus Amigos, Arrume Tudo e Pare com Isso, Pumuckel, Nicolau e a Turma do Quintal, Salsicha & Salsichão, Turma do Bom Clima, Pingu Bully, Bojan, Plastinots, Morph, Zig & Zag, Ernest O Vampiro, Ric, O Pato Dínamo e Rua dos Pombos.

Essa sequência de fotos (de cima pra baixo, da esquerda pra direita) mostra como é a transformação da atriz Gisela Arantes em Glub (no meio). Estas fotos são dos bastidores da versão 2006 de Glub Glub, na TV Rá-Tim-Bum.

A audiência do Glub Glub chamava a atenção na época em que esteve no ar, chegando a ser exibida três vezes ao dia na Cultura. “À noite dava uma audiência absurda. Normalmente, a gente ficava em terceiro, às vezes, em segundo lugar em audiência naquela época. Dava dez pontos. Hoje, para a Cultura isso não existe a menor possibilidade. Um ponto já é motivo de orgulho, né? A gente dava 9, 10. À tarde era 4, 5, 6. Então, para a Cultura era uma coisa fantástica. E todos os outros programas infantis tinham audiência, todos eram maravilhosos. Emendava um no outro, engrenava um programa no outro. Foi uma fase de ouro”, disse o ator Carlos Mariano na mesma entrevista ao portal Terra. Com isso, o programa ficou no ar até o ano de 1994.

Em 2006, Glub Glub foi retomado com nova roupagem, mas com os mesmos atores do projeto original da Cultura. Dessa vez, a atração foi exibida no canal fechado TV Rá-Tim-Bum e trazia uma nova premissa: era voltado exclusivamente para a biologia marítima. E os peixes Glub e Glub apresentavam vídeos feitos pelo cinegrafista Lawrence Wabba, retratando a vida marinha. As chamadas “Histórias da Natureza”, inclusive, já tinham sido exibidas no ano 2000 na TV Record, dentro do programa “Eliana & Alegria”. Cada episódio tinha 2 minutos e meio e foram dirigidos por Rodrigo Astiz e Rubens Rosa, da produtora Canal Azul. Entre as Histórias da Natureza, Glub e Glub viviam uma pequena historinha com início, meio e fim, sempre ligando o conteúdo das histórias em seus diálogos.

Mesclando diversão e educação com conteúdo – algo difícil nas atrações consideradas infantis hoje em dia – Glub Glub é um dos programas que fazem falta na televisão brasileira atualmente. Por isso valeu a pena mergulhar um pouco mais nesse mar de nostalgia que esta atração deixou pra gente, concordam? #saudades

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