O
quadro mais saudoso do blog mergulha fundo para contar a história de
um lindo programa infantil da TV Cultura.
Esta era a abertura do programa. Lembra?
O ano é 2015, mas o RG volta 23 anos no tempo para contar a história
de dois peixinhos muito fofos que assistiam TV no fundo do mar.
Duvida? Então é porque você não conheceu ou viu o programa
infantil “Glub Glub”, que foi um grande sucesso da TV Cultura.
Lançado no dia 9 de setembro de 1991, a atração ia ao ar de
segunda a sexta-feira com meia hora de duração. A intenção era de
ter apenas 60 episódios, mas com o sucesso, eles gravaram 670
programas.
“Glub Glub” era apresentado por dois divertidos peixinhos
chamados Glub (Carlos Mariano) e Glub (Gisela Arantes), que tinham
como amiga a caranguejo Carol (Andrea Pozzi). Com direção de
Arcângelo Mello Junior e roteiro de Lilian Iaki, esses personagens
viviam grandes aventuras no fundo do mar, além de contar um pouco da
vida marítima para as crianças. Eles também comentavam os desenhos
animados que eram exibidos dentro da atração de forma extrovertida
e bem-humorada.
E assim era o Glub Glub no ar (acima) e como ele era gravado (abaixo).
O cenário do programa era bem simples, já que dependia 90% do
recurso eletrônico chamado chroma-key, mais conhecido como
fundo verde. Com a imagem do mar
inserida no fundo neutro, apenas a cabeça dos atores aparecia,
devidamente maquiados e com um tipo de “cabeça” que
caracterizava os personagens. Em entrevista ao portal Terra, o ator
Carlos Mariano revelou que a cabeça era bem pesada no início e deu
detalhes da rotina das gravações: “Melhorou depois de uns
dois, três anos. Isso era uma das coisas que complicavam, era muito
cansativo. A minha pesava três quilos, só que ficava toda na nuca,
não era um peso distribuído, então, tinha que sustentar tudo no
pescoço. Uma coisa é você ficar cinco, dez minutos, outra era
gravar o dia inteiro. Era complicado. A gente gravava seis programas
por semana, eram três por dia, mas em um processo longo, difícil.
Daí o pessoal da equipe de produção conseguiu desenvolver um apoio
para o rabo, para eu sentar quando não estivesse gravando e ter esse
apoio para melhorar um pouco. A gente tirava a cabeça quando
terminava de gravar um episódio. Durante a gravação de um programa
inteiro eu não deveria tirar, porque borrava a maquiagem e ela era
muito complicada, levava uma hora para fazer, era complexa. Então,
todo mundo procurava se ajudar”, explicou.
As animações de abertura e de cenário do programa são de Flávio
Del Carlo, com trilha sonora composta especialmente por Hélio
Ziskind. Os desenhos animados exibidos no Glub Glub eram
completamente diferentes e criativos reunindo, inclusive, filmes
estrangeiros, sobre os mais variados e inusitados temas, além de uma
série do cineasta Cao Hamburguer (o mesmo do “Castelo
Rá-Tim-Bum”), produzida especialmente para a atração. Alemanha, Inglaterra e Tchecoslováquia foram alguns dos países de onde
vieram as animações produzidas a partir de diferentes técnicas,
como massinhas, bonecos, marionetes e recortes. Entre as séries
infantis apresentadas no programa estavam: Socorró Vovô, Bertha e a
Fábrica, Johnson e Seus Amigos, Arrume Tudo e Pare com Isso, Pumuckel, Nicolau e a
Turma do Quintal, Salsicha & Salsichão, Turma do Bom Clima,
Pingu Bully, Bojan, Plastinots, Morph, Zig & Zag, Ernest O
Vampiro, Ric, O Pato Dínamo e Rua dos Pombos.
Essa sequência de fotos (de cima pra baixo, da esquerda pra direita) mostra como é a transformação da atriz Gisela Arantes em Glub (no meio). Estas fotos são dos bastidores da versão 2006 de Glub Glub, na TV Rá-Tim-Bum.
A audiência do Glub Glub chamava a atenção na época em que esteve
no ar, chegando a ser exibida três vezes ao dia na Cultura. “À
noite dava uma audiência absurda. Normalmente, a gente ficava em
terceiro, às vezes, em segundo lugar em audiência naquela época.
Dava dez pontos. Hoje, para a Cultura isso não existe a menor
possibilidade. Um ponto já é motivo de orgulho, né? A gente dava
9, 10. À tarde era 4, 5, 6. Então, para a Cultura era uma coisa
fantástica. E todos os outros programas infantis tinham audiência,
todos eram maravilhosos. Emendava um no outro, engrenava um programa
no outro. Foi uma fase de ouro”, disse o ator Carlos Mariano na
mesma entrevista ao portal Terra. Com isso, o programa ficou no ar
até o ano de 1994.
Em 2006, Glub Glub foi retomado com nova roupagem, mas com os mesmos
atores do projeto original da Cultura. Dessa vez, a atração foi
exibida no canal fechado TV Rá-Tim-Bum e trazia uma
nova premissa: era voltado exclusivamente para a biologia marítima. E os peixes Glub e Glub apresentavam vídeos feitos pelo cinegrafista
Lawrence Wabba, retratando a vida marinha. As chamadas “Histórias
da Natureza”, inclusive, já tinham sido exibidas no ano 2000 na TV
Record, dentro do programa “Eliana & Alegria”. Cada episódio
tinha 2 minutos e meio e foram dirigidos por Rodrigo Astiz e Rubens
Rosa, da produtora Canal Azul. Entre as Histórias da Natureza, Glub
e Glub viviam uma pequena historinha com início, meio e fim, sempre
ligando o conteúdo das histórias em seus diálogos.
Mesclando diversão e educação com conteúdo – algo difícil nas
atrações consideradas infantis hoje em dia – Glub Glub é um dos
programas que fazem falta na televisão brasileira atualmente. Por
isso valeu a pena mergulhar um pouco mais nesse mar de nostalgia que
esta atração deixou pra gente, concordam? #saudades
Que Post maravilhoso!
ResponderExcluirQue época maravilhosa!