O
#RGnaTV traz um nome de nível nacional para falar sobre tudo que ele
mais entende: novelas!
Nilson Xavier |
Essa pessoa é simplesmente uma das maiores referências sobre
tele-dramaturgia brasileira. Autor do livro “Almanaque da
Telenovela Brasileira”, criador do site teledramaturgia.com.br,
blogueiro do UOL e colunista do portal do Canal Viva (canal por
assinatura da Globosat), ele me cedeu algumas palavrinhas
para falar um pouco sobre essa paixão brasileira (depois do futebol
e do carnaval, claro!). Com vocês, Nilson Xavier!
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Nilson
Xavier sempre foi um apaixonado por televisão, crescendo em frente
da "caixa mágica". A paixão foi tanta que ele passou a catalogar as
novelas que assistia: “Foi
algo natural, cresci na frente da telinha. E catalogava não só
novelas, mas desenhos animados e seriados americanos também”.
Quando perguntado sobre suas novelas e autores favoritos até hoje, a
resposta está na ponta da língua: “Minhas
novelas favoritas, das que eu acompanhei, são Vale Tudo [Gilberto
Braga]
e Roque Santeiro [Dias Gomes].
Dos autores, Ivani Ribeiro [autora
de sucessos como “A Viagem” e “O Profeta”]
e Cassiano Gabus Mendes [que
escreveu novelas como “Ti, Ti, Ti” e “Anjo Mau”].
Em
conversa por e-mail,
também falamos das novelas além-Globo, como as novelas mexicanas do
SBT, as quais não se diz muito fã, e do remake
de “Carrossel”, onde Nilson explica bem o sucesso do folhetim da
Anhanguera: “Toda
novela tem seu público. Eu não sou público de novelas importadas.
Acho produções como Carrossel muito boas. Atende o público
infantil, que atualmente está carente”.
Já a Rede Record, que tenta fazer história com tele-dramaturgia, o
nosso entrevistado explica o que falta para a emissora da Barra
Funda: “Falta
respeito com o telespectador, principalmente com relação a
horários. Público se fideliza com tempo, e a Record não aprendeu
isso ainda”.
Ao lembrá-lo das novelas da Manchete, Nilson mostra que guarda boas
lembranças, destacando “Dona
Beija”,
“Kananga
do Japão”,
“Pantanal”
e “Xica
da Silva”
como as melhores novelas dessa emissora, na opinião dele, extinta em
1999.
Também
falamos de Band e a retomada da teledramaturgia deles no meio da
primeira década de 2000 com “Floribella”, “Paixões Proibidas”
e “Dance, Dance, Dance”, onde a primeira e a terceira,
respectivamente, fizeram um relativo sucesso por terem uma pegada
musical. Nilson acredita que há espaço para mais novelas desse
gênero, “mas
também há a hora de saber parar, de reconhecer a saturação do
estilo”,
completa. Ao voltarmos a falar sobre a Rede Globo e qual seria o
segredo do sucesso das novelas da Vênus Platinada ele é categórico:
“Produções
de qualidade, que saltam aos olhos”.
Relembre a abertura
de “Dance, Dance, Dance”, da Band:
Perguntei
a Nilson o que mudou nas novelas ao longo do tempo e se existia uma
“receita de novela perfeita”: “Não
existe receita, mas a base é o bom e velho folhetim. As
pessoas parecem querer ver sempre as mesmas histórias. O que muda
é a roupagem e a forma de se contar uma mesma história”.
Com a ascensão de séries por temporadas e novelas mais curtas (como
as das 11 da noite, que a Globo começou a fazer com “O Astro”),
perguntei se as novelas “tradicionais” estariam em extinção:
“Não,
em hipótese alguma. E “Avenida Brasil” e “Cheias de Charme”
são a
maior
prova disso.”
Mas a melhor resposta desta entrevista estaria por vir. Se ele, que é
tão entendido de novelas, escrevesse um folhetim, como seria? A
resposta de Nilson foi a mais “saída pela tangente possível”:
“Não
seria! Não sou escritor de novelas e nem tenho essa pretensão!”.
Fica aqui uma lição para este jovem jornalista: o mundo das novelas
parece ser mais fascinante na frente das telas do que se atrever a
escrever uma. Obrigado Nilson! =)