Novo
quadro do #RGnaTV dará espaço para que grandes profissionais da
televisão exponham suas opiniões sobre os assuntos pertinentes à
esta área.
Isly Viana |
RG na TV: Porquê
escolheu Jornalismo para a sua vida profissional?
Isly Viana: Sempre
gostei de contar histórias, descobri-las e apurá-las a fundo! Sou
muito curiosa! A isso somei meu “sonho” de trabalhar em TV. Amo
TV! Como sou do interior (nasci em Garanhuns) achava impossível, mas
talvez isso tenha me motivado a correr atrás! Ao me tornar
jornalista, sei que tenho nas mãos um tesouro que poucas pessoas
tem: voz! Voz no sentido de ser ouvida, de ser levada a sério!
Muitas reportagens que mostramos são queixas que a população faz
há séculos, mas que só são consideradas pelo poder público se
forem expostas num programa de TV. Gosto muito de ser útil! De
servir! Então, acho que o jornalismo me permite unir muitas das
minhas características!
RG: O
que o período de estágio representou pra você?
Isly: Eu
não teria chegado a lugar nenhum sem ter estagiado! Digo isso sem
medo de errar. Houve épocas em que estagiava em 4 lugares
diferentes: TV Tribuna, Folha PE, TVU e Revista Construir! Queria
tudo ao mesmo tempo e aprender o máximo que pudesse, pois sabia que
o mercado era restrito e cobrava referencias e experiência! Quando
eu estava no segundo período, larguei um emprego onde já havia sido
promovida e ganhava um bom salário para estagiar de graça numa
produtora que cobria futebol! Não entendia nada de bola e nem de TV,
mas aquela era a minha chance de entrar no mercado! Fui com tudo e
hoje agradeço a Deus por aquela oportunidade!!
RG: Apresentar
um telejornal diário era o seu maior objetivo na área?
Isly: Entre
os meus sonhos, apresentar o jornal era um deles, mas não imaginei
que chegaria tão rápido! Achava que ainda tinha muito o que
aprender na reportagem (ainda acho, pois não vivo sem novidades, sem
aprendizado), mas sabia que já tinha me dedicado bastante e que
poderia crescer. Hoje sinto falta das reportagens, pois, como já
disse, sou curiosa, gosto de ter o que mostrar e de ir atrás da
notícia, mas me sinto realizada como apresentadora, pois o comando
do jornal é uma responsabilidade desafiadora.
Isly atuando como repórter pela TV Vanguarda
RG: Qual
a sua opinião sobre a atual não-obrigatoriedade do porte de
diploma para o exercício profissional do jornalismo?
Isly: Acho uma posição irresponsável e segregadora.
Irresponsável devido aos critérios jornalísticos, tão importantes
para a construção da notícia séria, imparcial e ampla. Os
veículos sérios prezam pela apuração detalhada, pela ampla busca
da notícia verdadeira, pelo questionamento criterioso, pela
abordagem prudente... Segregadora porque essa medida visa atender
apenas aos interesses de empresas que querem conduzir o jornalismo de
acordo com os seus interesses, e colocar “personagens” à frente
da notícia, dando a ela a cara que melhor lhe convier. É claro que
a internet nos permite liberdade de expressão e mais opções de se
manter informado, mas, precisamos ter uma referência. Se vimos um
boato escrito em algum lugar, logo consultamos um jornal ou portal de
nossa confiança para comprovar.
RG: Para
você, como está a Televisão Pernambucana?
Isly: Gosto muito do cenário jornalístico da TV
Pernambucana. Aqui temos uma concorrência forte, que obriga todas as
emissoras a correr atrás da melhor notícia, do melhor ângulo, da
melhor versão. Digo isso pincipalmente depois de passar por outras
praças, em que havia o predomínio de uma única emissora. Era boa,
mas não precisava se esforçar para ser melhor, pois não tinha
outras na cola. Aqui não! Todas as emissoras competem fortemente,
mesmo com altos e baixos, e isso é muito bom para os jornalistas,
pois há um mercado fortalecido e atuante, onde podemos nos dedicar e
desenvolver melhor a carreira.
RG: Já
que você trabalha na Tribuna, o que mudou de concreto com o câmbio
de emissoras no início deste ano (Record pela Band)?
Isly: Foi uma renovação de ânimo para as duas
emissoras. Com a Band, os jornalistas locais tem mais espaço na
programação nacional, já que eles não tem equipe de rede aqui. A
Band oferece maior liberdade de grade, então podemos ter novos
programas. Além disso, a programação nacional da Band está mais
fortalecida. Há investimentos em muitos programas de qualidade, sem
falar da forte cobertura de futebol! No ano passado, o presidente do
Grupo Band foi eleito um dos empresários do ano pela Revista Isto é
Dinheiro. Sinal de coisa boa à vista!!!
Isly e Flávio no comando do "Balmasqué" esse ano, já pela Tribuna/Band
RG: O
“Cotidiano” é um telejornal de horário de almoço que concorre
com telejornais tradicionais de Pernambuco – como o “TV Jornal
Meio Dia” (TV Jornal) e o “NE TV – 1ª edição” (Globo
Nordeste). Qual o diferencial do “Cotidiano” perante esses
noticiários?
Isly: Desde sua criação, o Cotidiano foi pensado
para ser um “porta-voz” da comunidade. Na época, não havia
ênfase para as notícias do povo, para questões que mexiam de fato
com o “cotidiano” dos moradores. Foi importante dar essa cara,
pois o público B,C e D consome esse tipo de notícia, se sente
representado e se identifica com as questões que vê na TV e isso se
reflete diretamente no nosso relacionamento com o público, pois os
telespectadores se sentem à vontade para ligar e pedir reportagens,
dar sugestões, fazer críticas e avisar sobre o que está
acontecendo por perto. Além disso, implantamos uma linguagem mais
coloquial, mais conversada... Nós tentamos nos aproximar do público
como se estivéssemos sentados no sofá da sala, ao lado do
telespectador!
RG: Companheiros
de bancada, além de toda a equipe do telejornal, precisam ter muita
sintonia. Isso acontece entre você e Flávio Barra?
Isly: Com certeza! No nosso estilo de jornal, acho que
não daria certo se não fôssemos realmente amigos. Nos indignamos
juntos diante do que mostramos no ar, nos compadecemos, nos
alegramos, nos divertimos. De fato, sem sintonia e amizade, não
seria tão proveitoso. É preciso se sentir à vontade diante do
companheiro, para dividir essa tarefa tão importante! Tive a honra
de começar a trabalhar com Flávio há dois anos, e todos os dias
aprendemos um com o outro.
RG: Todo
jornalista passa por saias justas. Poderia compartilhar, ao menos,
um deslize seu pra gente?
Isly: Hum... Passei por uma saia justa durante uma
entrevista coletiva presidencial. Era com Lula e Hugo Chavez. Foi no
Palácio das Princesas, em 2009, acho. Eu fui escolhida entre os
colegas para fazer as perguntas e, entre outros assuntos, questionei
Lula sobre a negociação entre o governo brasileiro e a PDVSA, a
estatal de petróleo venezuelana. Na hora, Hugo Chavez pediu pra
responder e sem que ninguém esperasse, me deu uma “cantada” no
microfone! Tudo para explicar que a negociação estava sendo feita
com calma, assim como se eu engravidasse dele e tivesse que esperar
os nove meses para que o filho nascesse... é mole??? Foi
constrangedor, mas também rendeu boas risadas. No outro dia, fui
assunto nos blogs!!! Rs...
Isly Viana (primeiro plano) entrevistando Hugo Chávez em 2009.
RG: Quem
você admira na área do Jornalismo?
Isly: Tenho muitos “ídolos”. Aqui, tive a honra
de aprender com Graça Araújo, ao ser estagiária do TV Jornal Meio
Dia. Ela é uma “leoa” para trabalhar! Luta pelo que quer e tem um
conhecimento fantástico sobre jornalismo. No âmbito nacional, me
inspiro em repórteres investigativos, como Eduardo Faustini e Cesar
Tralli. Também sou fã de alguns repórteres esportivos, pois sei
como o futebol é capaz de nos dar liberdade e criatividade para
escrever. Pedro Bassan e Tino Marcos são verdadeiros poetas! Marcelo
Canelas é um professor em cada uma de suas reportagens! Babo em
todas! Ultimamente tenho observado bastante a Rachel Sheherazade, do
SBT, que tem comentários inteligentes e sempre muito pertinentes!
RG: Fátima
Bernardes, Ana Paula Padrão ou Rachel Sheherazade: No estilo de
qual dessas jornalistas você mais se identifica?
Isly: Ana Paula Padrão é pra mim um exemplo de que
âncora não precisa ficar só presa atrás da bancada. Ela lança
pensamentos, está sempre atenta ao que é atual. Nunca esqueço da
reportagem sobre como a mulher “quer tudo ao mesmo tempo”. Sou um
pouco assim. Quero ser mãe, mulher, profissional... tudo junto e tudo
com qualidade. Não abro mão disso!
RG: Apresentaria
o “Jornal Nacional” se pudesse?
Isly: Lógico! É um sonho para qualquer
apresentadora! Mas é também um reconhecimento por um trabalho de
dedicação e qualidade! Sonhos assim existem pra que a gente nunca
deixe de se dedicar para dar um grande passo.
RG: Sou
estudante de jornalismo, e muitos dos meus leitores também são.
Qual a sua dica para ser um comunicador de sucesso?
Isly: É primário falar isso, mas leitura é
fundamental! Não dá pra escrever bem e formar sua opinião sem
estar bem informado, sem ler para se atualizar com a escrita. Pra ser
jornalista, não tem outro caminho! Além disso, é preciso
paciência, perseverança e dedicação. O jornalismo não é uma
atividade fácil. Muito pelo contrário: o que mais coleciono na vida
é “sapo engolido”, mas cada um deles me ajudou a construir uma
carreira um pouco mais sólida e madura... Pra quem quer seguir por
TV, na frente das câmeras, não tem jeito: tem que cuidar da
aparência, da voz, da expressão... ninguém se interessa por uma
noticia que vem de alguém sem expressão. O telespectador quer se
identificar com você, saber que você entendeu as dificuldades dele,
ou que você está trazendo uma notícia que pode fazer a diferença
na vida dele! No mais, é colocar o seu jeitinho e correr atrás da
notícia! Boa sorte!! #RGEntrevista
------------------------
E aí? Gostaram do meu novo quadro? Curtiram a entrevista? Seus comentários e/ou reações são muito válidos pra mim. Deixem sugestões de quem vocês gostariam que eu entrevistasse. Espero que este #RGEntrevista seja o primeiro de muitos! =)