sexta-feira, 24 de abril de 2015

RG CRÍTICA #38: MIL E UMA NOITES

Com 40 capítulos no ar, novela turca tem agradado público da Band. Quais os motivos de tamanha repercussão positiva?

Folhetim da Turquia trouxe de volta a dramaturgia na Band.

“Até onde você iria para salvar o seu filho?”: Foi com esta pergunta que a Bandeirantes provocou seus telespectadores a assistirem a estreia da novela turca “Mil e Uma Noites” no último dia 9 de março. Quarenta capítulos depois (ainda restam 140), a aposta na trama de grande repercussão internacional vem se mostrando uma decisão acertada da emissora paulista e vem agradando em cheio aos amantes de um bom dramalhão enlatado. Mas diferente das tramas mexicanas que costumamos ver, o produto turco que entra nas nossas casas nas noites de segunda a sábado, logo após o Jornal da Band, impressiona pela qualidade das cenas e, porque não, nos apresentar um novo celeiro de folhetins.

“Mil e Uma Noites” é uma trama que mostra a Band de volta no caminho da dramaturgia, ao qual tinha abandonado em 2008 com a novela autoral “Água na Boca”. Já a última investida num folhetim importado foi na saga infantojuvenil argentina “Isa TKM” e “Isa TK+”, exibidas entre 2009 e 2011. A atração turca entrou no lugar da série norteamericana “Glee”, que vinha com baixos índices de audiência, e conseguiu triplicar o ibope da Band no mesmo horário.

 Sherezade e Onur: casal protagonista é lindo e tem química de sobra!

De nome original “Binbir Gece”, “Mil e Uma Noites” é uma produção de alta qualidade e um enredo atrativo que conta uma história de amor cheia de percalços. Lançada em 2007 e produzida pela TCM Film, a atração alcançou números de audiência muito expressivos no Oriente Médio, no Leste Europeu e, mais recentemente, na América do Sul. Na sinpose, Sherazade (Bergüzar Korel) é uma arquiteta viúva, mãe de um menino de 5 anos portador de leucemia, e que precisa de auxílio financeiro para custear o tratamento dele. Com a recusa do ex-sogro Burhan (Metin Çekmez), ela pede ajuda para o chefe Onur (Halit Ergenç), que se compromete a pagar pelo transplante de medula óssea que pode salvar a vida de seu filho, com a condição de que eles passem uma noite juntos. Sherazade terá então que refletir se vale a pena abrir mão de sua honra para salvar a vida do menino.

Ontem assisti ao capítulo 39 da trama e algumas coisas me ajudaram a entender porque a novela vem sendo tão recebida pelos telespectadores. Um dos pontos interessantes de “Mil e Uma Noites” é a manutenção dos nomes turcos dos personagens, bem como a trilha sonora típica da Turquia, ajudando a situar mais a localização da trama. A fotografia e os enquadramentos das imagens são impecáveis. Sobre a história em si, percebe-se todos os elementos que prendem os amantes de uma boa novela: amores mal resolvidos, dramas familiares e até triângulos amorosos. O casal protagonista – Sherazade e Onur – embora não esteja nesse momento da história numa situação confortável (com direito a uma sogra que inferniza a vida da Sherazade!), eles têm química. E quem assiste ao folhetim, torce para que se acertem o quanto antes. Na vida real, inclusive, vale contar que Bergüzar e Halit se casaram em 2009.

Nas redes sociais, as frases da novela são muito compartilhadas.

Outro aspecto positivo da trama é ver uma mocinha decidida, determinada como Sherazade. Entre os coadjuvantes, os personagens Ali Kemal (Ergün Demir) e Kerem (Tardu Flordun) se destacam pelo bom trabalho. Talvez a única parte negativa de “Mil e Uma Noites” seja no texto dos autores Mehmet Bilal e Murat Lütfü, cercado de frases feitas e que dá um ar artificial às falas dos personagens. Por fim, a música escolhida para a abertura brasileira – “Eu Só Queria Te Amar”, da cantora Laís – foi outro acerto, deixando o clima mais romântico para a novela. A canção é uma versão de “Corre”, da dupla mexicana Jesse & Joy.

“Mil e Uma Noites” não tem índices expressivos de audiência em comparação à outras emissoras, mas já pode ser considerado um sucesso no Brasil. Os números de ibope alcançados pela trama atenderam à expectativa da Band, e a boa repercussão nas redes sociais fizeram com que a emissora já escolhesse outra novela carcamana para substituí-la quando a história de Sherazade terminar. Segundo o colunista Flávio Ricco, ela se chama "Fatmagül'ün Suçu Ne", exibida pelo Kanal D em 2010.

Depois dos mexicanos, argentinos e africanos, parece que os turcos estão chegando para conquistar uma parte dos noveleiros brasileiros. Se a primeira impressão é a que fica, “Mil e Uma Noites” tem sido um ótimo cartão de apresentação.  

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