sábado, 5 de julho de 2014

RG CRÍTICA #32: ENCRENCA

Saiba como foi a estreia do novo humorístico dominical da RedeTV!

Novo programa da RedeTV! lembra muito o Pânico.

Depois de perder a turma do Pânico para a Bandeirantes, demorou mais de um ano para que a RedeTV! voltasse a investir num programa de humor para preencher o espaço do extinto “Pânico na TV”. E foi na noite do último domingo, 29 de junho, que eles estrearam ao vivo a sua nova aposta: o “Encrenca”. Assim como o Pânico nasceu a partir de um programa de rádio, o elenco desta nova atração também veio das ondas radiofônicas, mais precisamente do programa “Quem Não Faz Toma”, da 89 FM, em São Paulo. São eles: Tatola, Dennys, Ricardinho e Ângelo.

O “Encrenca” se define com o objetivo de comentar as notícias da semana com irreverência, além de entrevistas, quadros e uma pitada de futebol, porque domingo sem futebol, segundo eles, não é domingo. Neste programa de estreia, já pode se destacar como ponto positivo a desenvoltura do quarteto no palco que, apesar da experiência como radialistas, ficaram a vontade frente às câmeras. A escolha de Tatola para ser “o novo Emílio” do programa também foi certeira. Ele conseguiu conduzir a apresentação do “Encrenca” tranquilamente.

No primeiro quadro do programa, “Fuçadas na Rede”, eles começaram com uma sacada legal: de comentar posts de celebridades nas redes sociais. Para isso, contaram com a ajuda de Carol Portaluppi, filha do jogador Renato Gaúcho. A ideia foi boa, mas a execução foi um pouco rasteira, precisando de mais agilidade nos comentários. Além disso, logo neste primeiro quadro já foi possível ver parte da precariedade do programa por ainda se utilizar de dálias para auxiliar a trupe no palco.

Tatola e Carol Portaluppi conversam com Biro-Biro na estreia do Encrenca.

A semelhança com o Pânico não está só no nome e na origem do programa. O uso insistente de vinhetas de rádio ligeiramente engraçadas procuravam entreter a plateia e o público telespectador. Sem sucesso. Além disso, o cenário colorido e sugerindo uma bagunça segue também o mesmo estilo do antigo programa de Emílio, Bola e companhia.

No quadro “Teste de RH”, eles simularam uma entrevista com várias pessoas candidatas a serem do elenco do programa. Foi um dos quadros bem bolados dessa estreia. Neste momento fomos apresentados ao “Fanho”, um senhor com problemas de fala, e a ex-BBB Fani Pacheco, que olha só, não foge do estereótipo de ser uma espécie de Sabrina Sato para o grupo de marmanjos que comandam a atração.

Em seguida, Tatola chamou a “TV Japa”, mostrando como seria o programa “Encrenca” na terra do sol nascente. Chamada de “Toraburu”, o quadro colocou dois apresentadores falando “japonês” para executar provas bem “exóticas”. Na estreia, os integrantes do “Encrenca” passavam por baixo das saias de jovens japonesas para acharem bandeiras de países. Foi estranho. Mas estranhamente divertido.

TV Japa no Encrenca: estranhamente divertido.

Na primeira reportagem de Fani, onde ela foi pautada para falar sobre as “Marias Passaporte” junto com o Fanho, percebeu-se também que a carioca tem simpatia e leva jeito com as câmeras. Logo após, fomos apresentados ao Mister Faker. Um quadro desnecessário que consiste, basicamente, em ensinar formas de “como sacanear um amigo tonto”. Mais um do estilo Pânico de ser. Mais um ponto negativo.

Quando o quadro do Mister Faker foi encerrado, teve uma sucessão de erros. A começar pelo elenco, que começaram a falar todos ao mesmo tempo, deixando o telespectador completamente perdido. E como se não bastasse, repetiram a “experiência” do cientista escroto ao vivo com quatro pessoas da plateia, que só fomos saber o nome das pessoas APÓS a prova. Além disso, eles chamaram um VT que não entrou e acabou mostrando o elenco fora de suas posições e completamente perdidos. O problema, ao menos, demorou menos de 1 minuto para ser resolvido.

O que era pra ser o ápice do programa, o quadro “É ou não é” acabou sendo um outro mico para os Encrenqueiros apresentadores. Com o “auxílio” do ex-jogador Biro Biro, eles gravam um VT com ele contando uma falsa história sobre a invenção do air-bag. Roteirizado que o futebolista deveria dizer que aquilo era falso, Biro Biro se confundiu e acabou dizendo que o vídeo era verdadeiro e levou a plateia aos risos. O elenco sorriu e tentou corrigir a confusão, mas transpareceu um certo nervosismo pelo quadro não ter dado tão certo como se esperava.

A ex-BBB Fani Pacheco (seg. à esquerda) integra elenco do Encrenca.

Por fim, teve o confuso quadro “3 minutis”, que servia para entrevistar alguém em apenas três minutos. A primeira convidada foi a cantora Luiza Possi, que mesmo com toda sua simpatia, não conseguiu acompanhar o raciocínio desencontrado das pessoas que a entrevistavam. Outro quadro furado. E uma última reclamação: A pessoa que faz os caracteres do Encrenca deve adorar a palavra "tonto". Pois vi milhares de vezes essa palavra se repetir no letreiro.

Diante de tudo que houve nessa estreia, sinceramente, creio que vai demorar um pouco para o Encrenca se encontrar e decolar na RedeTV!. Ao cometerem o pecado de fazer algo semelhante ao Pânico, perderam parte da chance de arriscar em mais coisas novas. O desempenho duvidoso da estreia também se refletiu na audiência: a atração ficou em sexto lugar (atrás da TV Cultura, inclusive!) com médias de 0,7 e picos de 1,5 pontos no Ibope. Mas nem tudo foi tão ruim que não possa melhorar. Afinal, foi só o primeiro programa. O negócio é dar tempo ao tempo para que a encrenca não fique séria e se torne um problema.

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