O
quadro mais nostálgico do blog conta a história da gincana musical
mais divertida da TV brasileira.
"Está na hora de brincar de Qual é a música!", dizia Lombardi no início do programa.
O ano é 1976. Assim que o apresentador Silvio Santos deixou a Rede
Globo e resolveu criar a sua própria emissora, a TVS (que se
chamaria SBT tempos depois), levaria ao ar, dentro do “Programa
Silvio Santos” a versão brasileira do formato “Name That Tune”,
que foi batizado em nosso idioma como “Qual é a Música?”. A
gincana musical que agitava os anônimos gringos lá fora chegou no
Brasil para divertir os próprios artistas e, claro, entreter os
telespectadores que, sem dúvida, brincava em casa, sozinho ou com os
pais e amigos.
Naquele tempo, os participantes eram divididos por sexo (homens X
mulheres) e tinham que mostrar o quanto sabiam de música e, quando
não conheciam as respostas, era a vez de Silvio passar a
participação para o auditório, que cantava e ganhava prêmios em
dinheiro. Foi um dos principais quadros do Programa Silvio Santos
durante boa parte dos anos 70 e 80, só perdendo em interesse para o
Show de Calouros. Nele também ocorria farta distribuição de
prêmios aos fregueses do extinto carnê do Baú da Felicidade.
Ainda
naquela época,
o
programa de uma hora e meia originalmente começava com Lombardi
anunciando: "O
carnê de mercadorias do Baú da Felicidade, por [valor] milhões de
cruzeiros quer saber Qual
é a Música?!".
Dentro do cenário, havia uma banda ao vivo com três vocalistas e um
casal de dubladores. Entre as vocalistas da primeira versão estava a
cantora Sula Miranda, que mais tarde se tornaria “a Rainha dos
Caminhoneiros”.
O programa começou em 1976, assim que Silvio saiu da Rede Globo.
O
programa deixou de ser vitrine do Baú da Felicidade em 1989. A
partir desse ano, o Baú passou a fazer promoções diferentes, como
os quadros Mina
de Ouro,
Raspe
e Ganhe na TV,
A
Felicidade Bate à Sua Porta e
o Tentação.
Nesse meio tempo, o Qual
é a Música também foi
perdendo a importância dentro do Programa Silvio Santos e saiu do
Programa Silvio Santos em novembro de 1991.
E
no dia 1º de agosto de 1999, o programa volta repaginado nas tardes
de domingo do SBT. Para este revival, houve algumas mudanças no
formato do programa. Primeiro, que a competição entre homens e
mulheres deu espaço a times mistos. A banda ao vivo também foi
colocada nesta nova versão, mas também houve modificações: nas
negociações para a volta da atração, Rhony Rays (que fez parte do
trio de cantores nos anos 70) conta que as cantoras Kiki e Andressa
foram indicações dele ao diretor da nova versão, Luiz Bento, para
que integrassem o coral. Kiki já havia cantado no Show de Calouros e
Andressa no Raul Gil, anos antes. Segundo Rhony, ele iria voltar ao
coral, mas os norte-americanos, donos dos direitos sobre o formato do
programa, não queriam ninguém da versão antiga (exceto, claro,
Silvio Santos e Lombardi). Josias, então, formou o trio.
Também
foi cogitado neste remake
o nome de
Ronnie
Von para apresentar a atração no lugar de Silvio Santos, já que
ele é o príncipe da Jovem Guarda e um dos maiores campeões da
competição. Mas Silvio preferiu não arriscar e ele assumiu o
comando do programa mais uma vez. Em relação ao casal de
dubladores, foi assim que conhecemos Ellen Rocche e Felipeh Campos, e
ambos conseguiram fazer carreira fora do programa. Completando a
banda, o
primeiro
maestro do “Qual é a Música?” foi Osmar Milani. O famoso
Zezinho era apenas o pianista do Leilão das Notas Musicais, chamado
por Silvio de Pianista José. Depois, Zezinho passou a comandar a
Orquestra. Na montagem dos anos 2000, esse posto foi ocupado por
Alairton Assunção, com a aposentadoria do Zezinho.
Nesta foto, já vemos a versão dos anos 90 do "Qual é a Música?"
VAMOS
JOGAR?!
O
roteiro do “Qual é a Música” era bem definido. Para construir
um programa, são necessárias 56 canções. E é nessa sequência de
jogos que a competição era feita:
Jogo
dos Versos: Toca-se
uma música e quando parar tem que continuar. Geralmente, eram 5
músicas para cada grupo. Tinha “recuperação”. Se errassem na
primeira resposta, voltava depois de terminar a bateria. Se errassem
novamente, o grupo adversário pode responder.
Vitrine
Musical: Eram apresentados quatro "produtos",
divididos por temas. Cada tema tinha quatro notas: DÓ, RÉ, MI, FÁ.
Cada grupo tinha direito a escolher o tema e a nota três vezes. Uma
vez para cada grupo. Toca-se uma música correspondente ao produto.
Os participantes tinham que dizer o nome da música e quem cantava.
Se errasse na primeira resposta, o adversário pode responder.
Relógio
Musical: Cada grupo tinha 60 segundos para adivinhar o nome
de 6 músicas (ou seja, 10 segundos de cada), ouvindo apenas os
instrumentos. Para ajudar, Silvio dizia apenas quem cantava. A equipe
podia "passar" duas músicas. Se sobrar tempo, as músicas
erradas e passadas podiam ser repetidas. Tinha “recuperação”,
seguindo o mesmo sistema do Jogo dos Versos.
Segredo
Musical: Cada grupo tinha que adivinhar o nome da música
através da leitura de um verso da canção. Eram três segredos para
cada um, um por vez. Ex: Time 1 recebia: "Luz que banha a
noite". Se não soubesse qual era, passava pro time 2, com um
verso a mais: "Luz que banha a noite, e faz o Sol adormecer".
Se não adivinhasse, volta para o time 1, agora com três versos:
"Luz que banha a noite, e faz o Sol adormecer, mostra como eu
amo você". Se não adivinhassem, ninguém marcava ponto.
Vitrola
Musical: Cada grupo escolhia um número de 1 a 4, um por vez.
Quando escolhiam, ouviam um trecho da música. Eles tinham que
adivinhar o título, quem canta e responder uma pergunta, ou sobre a
canção ou sobre o artista. Se errassem na primeira resposta, podia
passar para o adversário.
Leilão
das Notas Musicais: A prova final e a mais importante (e a
mais legal!). Cada grupo recebia três dicas para formar o título da
música, um por vez. A dica podia formar ou ajudar a formar o nome da
canção. Ex: Um sentimento + A quarta letra do alfabeto + O mais
famoso produto feito do cacau forma o título dessa música. Antes de
responder, eles precisavam dizer "com quantas notas" eles
queriam ouvir o maestro e responder. Se pedissem uma nota, é porque
geralmente já sabiam. Se pedissem mais de uma, podia passar para a
equipe adversária, que pode pedir menos notas ou devolver pra eles
perguntando: "qual é a música?", desafiando a equipe a
respondê-la. Como era a prova mais importante, cada resposta certa
(ou errada) valia 3 pontos. As outras valiam 1 ponto cada.
Em 2013, a Record comprou os direitos do programa e chamou de "Desafio Musical".
Além
destes seis jogos, Silvio Santos ainda colocou nessa nova versão o
“Não Erre a Letra”. Que entre um jogo e outro, os integrantes
eram a desafiados a cantar qualquer música de sua escolha, desde que
não errassem a letra da canção. Se isso acontecia, o auditório
vaiava, fazia barulho e se ouvia um pato “zombando” do
participante. Se passassem por esta prova, era mais um ponto para a
sua equipe.
O
“Qual é a Música” teve grande sucesso enquanto esteve no ar nas tardes de domingo,
apesar de algumas pausas e reformulações. Nesse tempo, uma versão
em tabuleiro e em CD-ROM foram comercializados pelo SBT. Em maio de
2008, o programa foi extinto e reduzido a um pequeno quadro dentro do
“Programa Silvio Santos”. O trio de cantores Andressa, Kiki e
Josias estão lá até hoje. Em fevereiro deste ano, os direitos do
formato foram comprados pela Record e a atração foi chamada de
“Desafio Musical” dentro do Programa do Gugu, na tentativa de
reverter a baixa audiência. Infelizmente, a aposta não deu certo e
foi encerrada junto com o programa inteiro no último dia 09 de
junho.
Sinto
falta de brincar em frente a TV dessa gincana musical bastante
divertida, e nada mais justo que registrar essa lembrança aqui, no
nosso #RGRelembra. Assista abaixo uma edição do programa na íntegra, que teve participação da saudosa (e gracinha!) Hebe Camargo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário