O que é necessário para se tornar um bom jornalista? Talento?
Dedicação? Profissionalismo? Simpatia? Tudo isso junto? Assim como
não há uma fórmula pronta de um jornalista perfeito, também será
difícil manter uma carreira de sucesso na televisão se você não
tiver AMOR por ela.
Apesar de eu usar uma palavra abstrata para definir essa árdua
profissão, basta apenas lembrar de um nome próprio e composto para
exemplificá-la concretamente. E se chama Eliana Victório.
Dona de uma elegância, humildade e competência singulares, Eliana
apresenta, edita, produz, emociona, ensina e, principalmente: informa os seus telespectadores.
Como se não bastassem tamanhos atributos, esta jornalista é
amplamente reconhecida por títulos e prêmios, regionais e
nacionais, pelo brilhante trabalho que executa. E é exatamente por
isso que agradeço muito por ela ter cedido parte de seu concorrido
tempo na TV Tribuna para estar aqui, no #RGEntrevista.
RG
na TV: Poderia nos falar um pouco sobre como foi a sua escolha
pela profissão de jornalista? E como foi a sua formação na
Universidade Estadual de Londrina, no Paraná?
Eliana
Victório:
Foi assistindo a uma novela na televisão, “Estupido Cupido -
1976/1977”, que descobri a profissão que queria seguir. No último
capítulo um dos personagens deixa a cidade pequena e vai para a
capital, e começa a trabalhar num jornal. Ele termina a participação
na novela entrevistando uma pessoa. Nas mãos tinha um gravador, uma
caneta e um bloco. Na época eu não fazia ideia do que era ser
jornalista, mas gostei do que ele estava fazendo e decidi que iria
fazer o mesmo, que queria entrevistar as pessoas e escrever. E hoje
estou aqui. E a cidade de Londrina foi um presente na minha vida. Aos
18 anos deixei a casa de meus pais para morar num outro Estado. Foram
4 anos e meio maravilhosos. Fiz pesquisa na área de comunicação
rural, mas sempre quis trabalhar em televisão. Pelo meu desempenho
durante a Faculdade, antes que o curso chegasse ao fim, fui indicada
pelo departamento de Comunicação Social da UEL, para trabalhar numa
emissora de TV em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. E aceitei. Passei
um ano na TV Morena, afiliada da Rede Globo.
RG:
Da conclusão do seu curso até hoje, somam 28 anos. E antes de
chegar ao Recife, você passou por veículos em Campinas, Ribeirão
Preto e Mato Grosso do Sul. Existe alguma grande diferença das
emissoras de TV do sul e do nordeste?
Eliana:
Sempre existe alguma diferença, seja ela na estrutura de equipes ou
na produção local, principalmente porque passei por várias
regiões. Na época em que trabalhei no Mato Grosso do Sul, existia o
Jornal da dez da noite, e que depois foi abolido, sem falar que
tínhamos a diferença de fuso horário, uma hora a mais. Já em
Campinas, a região é muito industrial e o esporte amador e
profissional tem peso, daí um tempo maior é dedicado, ou pelo menos
era, a esses setores. Em Ribeirão Preto pude me dedicar mais as
matérias da área rural. Depois veio o nordeste. A diferença como
disse no início, está no tamanho das equipes.
RG:
Antes de se destacar na TV
Tribuna, você trabalhou em outras emissoras de Pernambuco. Entre
elas, a TV Jornal, afiliada do SBT. E durante o período nesta casa
você esteve na companhia da apresentadora Graça Araújo, a quem
você até substituiu algumas vezes. A pergunta que não quer calar
(que sempre quis fazer, na verdade!): muitas pessoas chegavam a
confundir vocês, por serem parecidas em vários sentidos. Isso te
incomodou alguma vez? Qual a sua relação com ela hoje em dia?
Eliana:
Graça Araújo é uma grande amiga, e sempre que possível nos
falamos. Quanto ao fato das pessoas nos confundirem, no começo me
perguntava, por que, pois somos bem diferentes. Depois fui levando na
boa. Nunca fiquei aborrecida por causa disso.
Na TV Tribuna, Eliana apresenta o semanal "Ponto de Vista".
RG:
São 5 anos de trabalho na TV
Tribuna, afiliada da Band. Lá, você ocupa os cargos de
apresentadora, editora e repórter especial. Qual desses três cargos
exige mais de você?
Eliana:
Não
dá pra dizer qual exige mais, pois as três funções são bem
diferentes, e quando abraço algo levo muito a sério e me dedico de
verdade. A arte de entrevistar não é fácil, exige informação,
disciplina e comando. Fazer reportagens especiais, além dos
atributos anteriormente citados, requer pesquisa e conhecimento; e
coordenar a edição é tudo isso associada a responsabilidade de
colocar o programa no ar.
RG:
Como apresentadora nesta casa, você foi âncora do “Cotidiano”
e agora apresenta o semanal “Ponto de Vista”. Seu atual programa
traz entrevistas de grande interesse para o público pernambucano e
tem se destacado na programação local com audiência relevante.
Fala um pouco do sucesso do programa e qual a edição mais
interessante que já foi exibido.
Eliana:
Adoro fazer o programa Ponto de Vista. É um espaço maravilhoso onde
podemos aprofundar os temas e levar informação a população.
Sempre digo que a informação é a base de tudo. É difícil falar
qual programa ou tema me marcou, pois sempre escolhemos temas de
interesse da população e temas que são escolhidos, indicados pelos
telespectadores. Gosto de temas na área da saúde, pois as pessoas
são carentes de informação. Gostei de falar sobre a PEC das
empregadas, sobre a municipalização do ensino, sobre Marketing
Multinível, e espero continuar no caminho certo, não o do sucesso,
mas o de ir ao encontro das necessidades do meu público.
RG:
O “Ronda Geral” tem você como editora-chefe do telejornal. Conta
um pouco da rotina agitada de como é colocar um programa policial
diariamente no ar.
Eliana:
Não é fácil. As manhãs são sempre corridas e atarefadas. Mas
eu gosto. Diria a vocês que requer dedicação, disciplina,
informação, profissionalismo, ética e respeito.
Eliana comemora o Prêmio Cristina Tavares pela série "Liberdade Aprisionada".
RG:
Seu trabalho como repórter
especial é muito eficiente e, principalmente, muito reconhecido. Com
reportagens carregadas de informação e emoção, você já
conseguiu vários prêmios locais e nacionais. Recentemente, a série
“Liberdade Aprisionada” ganhou o Prêmio Cristina Tavares aqui em
Pernambuco e a menção honrosa no Prêmio Vladmir Herzog, a
premiação máxima do jornalismo nacional. Fala um pouco dos
bastidores desse trabalho e como foi receber esses reconhecimentos.
Eliana:
Liberdade Aprisionada foi feita a quase dois anos, mas infelizmente
ainda retrata a realidade do nosso sistema prisional. Gravamos quase
10 horas de entrevistas e imagens; tivemos um mês para produzir,
executar, editar e finalmente exibir a série no Jornal da Tribuna.
Enfrentamos muitas dificuldades, como acesso aos presídios e as
informações e algumas vezes até dificuldades técnicas. Mas sou
uma pessoa que gosta de desafios, e o resultado são os prêmios. E é
algo maravilhoso quando o seu trabalho é reconhecido, avaliado,
premiado e aplaudido.
(Para assistir a série "Liberdade Aprisionada" completa, clique aqui.)
RG:
Ano passado, quando trabalhamos
juntos, eu acompanhei a sua série de reportagens “São João do
Gonzagão”, onde você viajou sertão pernambucano a dentro para
contar a história de Luiz Gonzaga ligando à realidade do povo
daquela região hoje em dia. Mais do que sua profissão exigia, essa
série tem um significado especial pra você, não é verdade?
Eliana:
A
série São João do Gonzagão fez parte de um projeto maior, que é
o “Tribuna, Forró e Tradição”, programa junino que neste ano
teve sua segunda edição. A série foi o começo de tudo, o pontapé
inicial, e mesmo com todas as dificuldades de tempo e até mesmo de
estrutura, te digo cheia de orgulho: ARRASAMOS! Os programas tiveram
e vão continuar tendo produção de alta qualidade.
Eliana: "O jornalista não é o dono da verdade, nem o senhor dos fatos.
[...] Ser jornalista vai além."
RG:
Você chegou ao Recife no ano
de 1992. E em agosto deste ano você recebeu o título de Cidadã
Recifense. Conta um pouco do que esse reconhecimento significou pra
você, pessoal e profissionalmente.
Eliana:
O
título foi um super presente que a cidade do Recife me deu. Nunca
pensei em receber, mas vou repetir o que falei em meu discurso: “O
Recife me recebeu de braços abertos, e como fui ensinada pelos meus
pais, honrei e venho honrando todo o carinho que recebi até hoje.
Carinho das pessoas que mesmo sem saber quem sou, passaram a me
respeitar, a admirar meu trabalho, e de longe ou perto a aplaudir. E
o melhor, sem pedir nada em troca, a não ser compromisso,
profissionalismo, seriedade e a verdade. Obrigada às Marias, às
Severinas, aos Joãos, aos Josés.”
RG:
Além
de humildade e profissionalismo, características que você tem de
sobra, o que mais é preciso para ser um grande jornalista, na sua
opinião?
Eliana:
Obrigada pelo carinho, meu amigo. O jornalista não é o dono da
verdade, nem o senhor dos fatos. Para saber escrever é preciso ler,
e ler bons livros, jornais e revistas e estar informado. Mas ser
jornalista, vai além. É preciso ética, compromisso com a verdade e
acima de tudo respeito, com a população, os entrevistados e consigo
mesmo.
Entrevista incrível! Obrigado, Eliana!
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