sábado, 24 de novembro de 2012

RG ENTREVISTA #03: FRANCISCO JOSÉ

O #RGnaTV traz uma entrevista exclusiva com um jornalista que leva o nordeste em qualquer lugar que vá, seja nas matérias, seja no sotaque inconfundível. Falo de Francisco José, da Rede Globo.

Chico e eu, em Nov. de 2011, na Globo Nordeste.
   Uma hora e 25 minutos. Este foi o tempo entre o meu “pedido de entrevista” por e-mail e a resposta positiva desse jornalista. Formado em Direito e especialista em Marketing, Francisco José de Brito, natural do Crato no Ceará, possui 37 anos de carreira. Na terra, água ou ar, Francisco José se destaca pela simplicidade, humildade e o poder de nos hipnotizar com suas reportagens especiais, que quase sempre ganham destaque a nível nacional. Apaixonado pela profissão e casado com Beatriz Castro, também jornalista da Rede Globo Nordeste, não tem a mínima vontade de deixar Pernambuco, o seu lugar de coração. Por aqui no Recife, recentemente ele comandou o programa local “Nordeste – Viver e Preservar” junto com Beatriz, e o misto de aventura e emoção predominam em qualquer matéria que ele faça. Nos últimos três dias, mesmo que por troca de correios eletrônicos, pude conhecer mais dele e agora, o #RGnaTV – com todo o prazer – altera o seu cronograma de postagens para mostrar logo essa entrevista com ele, que já me deu liberdade para chamá-lo como os outros jornalistas profissionais o chamam. Sem mais delongas, o meu terceiro #RGEntrevista é com ele, o grande Chico José.

RG na TV: Ao longo de 37 anos de carreira, como se sente em ser “o primeiro sotaque nordestino do telejornalismo da Globo”?
Chico José: Sinto-me bem, em continuar falando com o meu sotaque sertanejo. Constrangedor, seria se estivesse falando na TV com sotaque paulista ou carioca. Seria uma falsidade com a minha origem nordestina, que prezo muito.

RG: Você começou a sua carreira de jornalista de maneira espontânea, ao corrigir a estatística de um campeonato no Jornal do Commercio. Quando você percebeu que o jornalismo era, definitivamente, sua área, seu talento?
Chico: Quando comecei a trabalhar na redação do Diário da Noite, vespertino do Jornal do Commercio, senti que o jornalismo estava no meu sangue. E passei a me dedicar definitivamente.

RG: Ainda na área esportiva, seu primeiro trabalho na Globo foi narrar um jogo do Santa Cruz X São Paulo, no Morumbi, e você percebeu que não era bom fazendo aquilo. Você acredita que um jornalista precisa conhecer os seus limites e respeitá-los?
Chico: Em todas as profissões é necessário conhecer e respeitar limites. No caso específico da narração do jogo, senti que não tinha talento para ser narrador. Narrar é um dom divino que não se aprende na escola.

RG: Chico, você é um mestre em fazer reportagens especiais. Seja na terra e, principalmente, no mar. Qual a sua relação com os oceanos? De onde veio essa paixão pelas águas?
Chico: Eu moro de frente para o mar, na praia de Boa Viagem. E Fernando de Noronha fica a 50 minutos de voo da minha casa.

RG: Mesmo pelo mar, você cobriu grandes tragédias. Qual foi a cobertura jornalística mais difícil que você já fez e porquê?
Chico: No início da minha carreira gravei centenas de reportagens sobre a seca. Voltava do sertão muito emocionado, porque via pessoas morrendo de fome. Crianças que não completavam um mês de idade e eram enterradas na roça, ainda sem nomes: os "anjinhos da seca". Hoje, só os animais continuam morrendo de fome durante a estiagem.

Francisco e Beatriz, casados, apresentam o "Nordeste - Viver e Preservar"

RG: Por aqui na Globo Nordeste, você apresenta o especial “Nordeste - Viver e Preservar”, com a Beatriz Castro, que encerrou temporada em agosto desse ano. Esse programa tem um valor especial pra você? Quais são os planos para este projeto?
Chico: O programa deve voltar no próximo ano. É o primeiro projeto em que Beatriz e eu trabalhamos juntos. E gostamos muito de fazer o '"Nordeste - Viver e Preservar".

RG: Nessas viagens pelo Brasil e ao redor do mundo, teve algum lugar que te surpreendeu a ponto de mudar a pauta de uma reportagem?
Chico: Mudar a pauta é uma rotina constante em todas as viagens. Recentemente, atravessei o deserto do Namibi, a procura das kapalas gigantes. Não encontrei os animais que estão quase extintos na natureza, mas fui parar numa aldeia, onde havia um sultão, vivendo com 42 mulheres e 152 filhos. Nem a imprensa africana conhecia o recordista mundial de mulheres e filhos. Foi destaque no Fantástico.

RG: Um grande jornalista precisa sempre de uma grande equipe. Pode nos citar alguns de seus companheiros de viagens ao longo desses anos e o que aprendeu com eles?
Chico: Em televisão, só trabalhamos em equipe, onde o cinegrafista é peça fundamental. Eles são responsáveis pelas imagens, sem as quais, não haveria reportagem de vídeo. Estou escrevendo um livro e dedicando aos repórteres cinematográficos, que considero verdadeiros heróis.

RG: Qual será a próxima grande reportagem de Francisco José? Alguma em mente? Algum roteiro inexplorado/pauta inexplorada que você anseia em registrar?
Chico: Pela primeira vez, estou no estaleiro. Na última reportagem para o Globo Repórter, que foi ao ar na sexta-feira passada, sobre a Colômbia, cai desastrosamente, no topo de uma montanha, a mais de 5 mil metros de altitude. Fiquei mais 12 dias cavalgando nas montanhas antes dominadas pelas FARC, mergulhando no Pacífico e no Caribe, até concluir o programa. Quando voltei ao Brasil, o resultado da ressonância magnética acusou ruptura total dos tendões do ombro direito. Passei por três horas de cirurgia e estou recuperando os movimentos do braço. Mesmo assim, participei de toda a fase de edição do programa e tenho ido à redação. Devo voltar na próximo semana, mas apenas com matérias leves...

"Um jornalista não deve abandonar a matéria só porque quebrou alguns ossos." (Francisco José)

RG: Deixe uma dica para os futuros jornalistas que pretendem ser grandes profissionais como você.
Chico: O curso de jornalismo é a melhor forma de especialização em jornalismo. Depois, dedicação, dedicação, dedicação... Sou radical: um jornalista não deve abandonar a matéria só porque quebrou alguns ossos...

Entrevista incrível! Obrigado Chico!

5 comentários:

  1. Que entrevista ótima! :)

    A postagem já começou muito bem com um texto de introdução muito bem escrito e coerente. E a entrevista em si só fez confirmar o que a introdução iniciava...

    Realmente fiquei satisfeita em ter parado por alguns minutinhos para ler algo tão bom!

    Parabéns mesmo, Robinho! Arrase!!!

    ResponderExcluir
  2. Menino, show de bola! Muito bem escrito o seu texto e ótimo senso nas perguntas. Parabéns, Robs :)

    ResponderExcluir
  3. tipo, me imagino entrevistando a galera de marketing e afins, imagino como deve ter sido pra vc tudo isso :D

    parabéns sempre pelo ótimo trabalho,

    ResponderExcluir
  4. Sou muito fã de Chico José! Ele é perfeito!
    Excelente entrevista. Parabéns!

    ResponderExcluir
  5. Parabéns pela entrevista!
    Curtam a página do reporter Francisco José no facebook: http://www.facebook.com/franciscojose6

    ResponderExcluir