sábado, 20 de agosto de 2011

Insensato Coração... de Mãe!


Gilberto Braga encerrou a atual novela das nove da Rede Globo com desfechos surpreendentes... Outros, nem tanto.



   185 capítulos depois, a novela “Insensato Coração” chegou ao fim. Com muitas reviravoltas, não vale a pena resgatar o passado do folhetim que começou no fim de janeiro deste ano, mas vamos falar do que interessa: deste episódio, o último, que parou o Brasil (e o Twitter!) por alguns instantes na noite do dia 19 de Agosto de 2011.

   O último capítulo começou interessante porque o gancho do penúltimo foi bem pertinente. Encontramos Léo (Gabriel Braga Nunes) em poder de Marina (Paola Oliveira), que a sequestra e tenta extorquir a sua avó, Vitória Drummond (Nathália Timberg). O tiro começa a sair pela culatra quando “o detetive” Pedro (Eriberto Leão) [ora, vejam só!] vai ao pier e descobre que o barco do Delamare havia se deslocado dali a dias. Era tudo que o mocinho queria para desconfiar da não morte de seu irmão e correr atrás para acertar as contas com o mesmo (isso inclui ir na delegacia, administrar as informações da polícia, e ir ao encontro do inimigo). Que poder, né?
  Em seguida, vemos a queixa de André Gurgel (Lázaro Ramos) ao seu fiel amigo Beto (Petrônio Gontijo) sobre a falta de sua libido pós-quimioterapia, já que se curara de um câncer na próstata e estava usando uma prótese de silicone no lugar do testículo outrora danificado. Preocupação digna de um “garanhão”, que ganhou ares de “paizão” e “amorzão” por um tempo, mas pau que nasce torto... E com um fim digno de seu personagem: acaba dispensando Carol (Camila Pitanga) para encarar um relacionamento aberto com Leila (Bruna Linszmeyer), que “reativa” a sua masculinidade com uma cena forte de amor, e no outro dia, encontramos o casal com os seus respectivos peguetes da noite na Barão da Gamboa.
   Tivemos o desfecho do (improvável) casal Kléber (Cássio Gabus Mendes) e Sueli (Louise Cardoso) – casal montado às pressas pelos autores, acredito – que, no fim de tudo, o patriarca aceita seu filho Eduardo (Rodrigo Andrade) do jeito que ele é, e comparece, mesmo que ainda sem jeito, na união civil do mesmo com seu companheiro Hugo (Marcos Damigo). Como todo o casamento, os noivos deveriam se beijar. Mas em se tratando de beijo gay na Globo em suas novelas (não vou entrar nesse mérito agora), os telespectadores ficaram a ver navios.
   Enquanto que, no penúltimo capítulo, as cenas de comédia ficaram a cargo do casal Bibi (Maria Clara Gueiros) e Douglas (Ricardo Tozzi) – muito boas, por sinal – quem nos fez rir bastante no desfecho do folhetim foi a Natalie Lamour (Deborah Secco). Depois de se mostrar que fazia tudo por dinheiro (que até então era tudo pela fama) na última semana da novela, em que estava disposta até a atrapalhar o casamento do próprio irmão por causa das verdinhas, foi muito bem sacado do Gilberto Braga e cia. transformá-la em candidata a deputada do (ora, vejam só outra vez) “Partido da Moralidade Pública” para fazer uma crítica aos políticos que entram só para se aproveitar da fama “artística” que tem para com o povo (pra quem ainda está boiando, foi uma alusão clara ao Tiririca) coisas que podemos ver no trecho do diálogo da cena entre Kléber e Sueli:
KLÉBER: No nosso sistema, os votos pertencem ao partido. A Natalie tá ajudando os espertalhões a conseguirem mais tempo na tv. Depois, eles negociam esse tempo com um candidato a presidente e levam um ministério, uma estatal...
    Com uma candidatura “bafônica”, como a própria Natalie definiu, o final só não foi perfeito se não fosse por um detalhe: não é a primeira vez que uma personagem cômica se torna política nas novelas de Gilberto Braga. Quem não se lembra da garota de programa Bebel interpretada por (ora, vejam só [3]) Camila Pitanga, que teve como seu final o congresso nacional? Em suma, Natalie deputada foi uma ideia boa, mas não inédita. Mas ainda assim, surtiu um grande efeito cômico pro fim de sua personagem.
  E a morte de Léo, gente??? Já tá virando mania global mortes nas novelas serem acompanhadas de música clássica. Num momento digno de Hitchcock, ao som da Sétima Sinfonia de Beethoven, Léo se tornou “um corpo que cai” ao ser jogado pelos detentos a mando do corrupto (e companheiro de prisão) Horácio Cortez (Herson Capri). Uma morte pomposa digna de seu personagem, que deu a Gabriel Braga Nunes, e sua impecável atuação, o passaporte VIP para compor o alto escalão da Rede Globo. Quem diria que o ator, ex-Record, que entrou para substituir o papel que seria de Fábio Assunção cairia no gosto do público a ponto de torcer por ele e o fim do mocinho Pedro? Palmas de pé...
    Ao passo que não era surpresa o fim trágico do grande vilão, também não foi surpresa o final feliz do casal protagonista Pedro e Marina, que tiveram um filho (nascimentos... digno de fim de novela).
    Quem curtiu a novela, com certeza, sentirá saudades da fictícia Liga da Família Carioca, que entrou em evidência (no Brasil e no mundo, via Trending Topic mundial no Twitter) com a sua diretora Eunice Machado (Deborah Evelyn), que aprontou todas com sua família e ainda engatou um romance pastelão com Ismael (Juliano Cazarré). O final de sua personagem, servindo cafezinho no ateliê de Gilda (Helena Fernandes) e sua filha Leila após ser posta pra fora de casa quando Júlio (Marcelo Valle) descobriu a traição foi merecido. Do pó veio, ao pó voltou. No fim de tudo, Júlio conheceu Marise (Isabel Fillardis) e começaram a namorar.
    A justiça também se fez ao casal Carol e Raul (Antônio Fagundes). Eles já tinham provado a muitos capítulos atrás que haviam dado química. Mas como os autores gostam de enrolar os telespectadores, eles se separaram. Raul se manteve sozinho (pois Carol foi o único relacionamento pós-Wanda que ele teve) e Carol tentou, mais uma vez, ser feliz com André, e vimos que não deu certo. Eles se casaram na mansão de Vitória e terminaram gravidíssimos.
   Paula (Tainá Muller) teve um final digno de patricinha americana quando comete alguma infração. Por não contar onde seu pai Cortez estava, teve que acertar as contas com a justiça fazendo serviço comunitário, servindo quentinhas aos mais carentes, onde ela provou, mais uma vez, que não tinha talento algum, para alegria de sua antiga companheira de trabalho (agora, bem sucedida) Leila.
   O casal Rafa (Jonatas Faro) e Cecília (Giovanna Lancellotti) encantou o público cativo de Insensato Coração. Com a trilha inesquecível de Bruno Mars – Talking To The Moon – vimos o casal, enfim, ter o seu final feliz, na praia, após Cecília perder o filho que esperava do delinquente Vinícius (Thiago Martins) e Rafael cortar relações com Cortez, ao descobrir que o próprio pai havia matado a sua esposa Clarice (Ana Beatriz Nogueira), a mãe que ele tanto amava.
   Vinícius, personagem que, ao meu ver, mudou de perfil da água pro vinho na trama das nove, e despertou a ira dos telespectadores quando jogou Cecília contra a parede na prisão, teve o que mereceu (mesmo sendo pouco pra ele!): foi condenado a 12 anos de prisão pela morte do jovem gay Gilvan (Miguel Roncato). Ficamos esperando um final mais humilhante pra ele, pois correu boatos de que ele seria tratado como uma mulher na prisão. Talvez por ser imagens fortes, a ideia não foi posta em prática na novela.
    Senti falta de um final digno para Tia Neném (Ana Lúcia Torre), que mesmo sendo pinguça, fofoqueira e interesseira, caiu nas graças do público; e a Jandira (Cristina Galvão). Afinal, não sabemos, de fato, qual foi o desfecho da fiel escudeira de Norma (Glória Pires).
    Falando em Norma, falo agora do mistério de parou o Brasil pela quarta vez (não é, Gilberto Braga?). Depois de Odete Roitman (Beatriz Segall, em Vale Tudo), Lineu Vasconcelos (Hugo Carvana, em Celebridade) e Taís (Alessandra Negrini, em Paraíso Tropical), chegou a vez do brasileiro se perguntar: Quem matou Norma? Confesso pra vocês que achei que seria o Léo, pois era a tendência “Gilbertana”. Nos três primeiros “Quem matou...” todos tinham sido os principais vilões da história. Foi uma virada em tanto para um último capítulo sabermos que foi a Wanda (Natália do Vale) que deu um fim naquela que, segundo o Léo, era a segunda e última pessoa que realmente o amara, depois de sua mãe. “As duas mataram por mim.” dizia o Léo, orgulhoso em seus últimos momentos em vida. Creio que agora, como li em um certo tweet, o título da novela se justifica, pois só no fim conhecemos o verdadeiro insensato coração... de mãe! Natália do Vale honrou a sua personagem com seu desfecho dramático, que matou para proteger seu filho querido, com direito a ir a loucura em sua última cena. Mais uma vez, palmas de pé pra ela e a surpresa (essa sim!) de Gilberto Braga.
   Por fim, todo o elenco se reúne no melhor (lê-se: o único) point da novela, a boate Barão da Gamboa, para assistir o show de Mart'nália(?) cantando “Coração em Desalinho”, música de abertura da novela cantada por Maria Rita (porque não ela?). Parte do elenco vestia camisas estampadas com a inscrição “Dennis Forever” em menção ao diretor geral da trama, Dennis Carvalho. Uma homenagem um tanto quanto desnecessária para ser levada ao ar. Tenho certeza que muitos telespectadores ficaram em casa se perguntando o porquê das camisas.
   No mais, Gilberto Braga encerrou sua novela com méritos. Ele é um dos grandes novelistas que o Brasil tem e soube conduzir bem sua trama sem se perder muito as ideias originais do início do folhetim.

(toca-se Suspicious Mind, do Elvis, pra comemorar! Que aliás, foi um dos grandes achados da trilha de Insensato Coração).

   E que venha “Fina Estampa”!

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É isso, galera! Espero que vocês tenham gostado da minha análise, que é o primeiro post do blog “RG na TV”!

Preciso de seus comentários pra saber se estou mandando bem ou não... Ajudem a formar um futuro jornalista... rs! Lerei todos e responderei também. Até mais!

5 comentários:

  1. Oi,
    parabéns pela iniciativa do blog.
    Desejo a você muito sucesso nele.

    Gostei da crítica ao último capítulo.
    Achei a melhor cena ever a da morte de Léo... e concordo com outras coisas que você falou.

    Bem WTF o casal às pressas Kleber e Sueli né? :P
    E eu gostaria que passasse as cenas de Vinícius sendo humilhado.

    mas enfim... parabéns pelo blog.
    abraço.

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  2. Aêeeee, Robinho!!!!
    Adorei a idéia!!!
    Numa sociedade tão moderninha e vidrada na net como a nossa, nada como um meio de comunicação rápido e de linguagem fácil como um blog!!! Arrasou!!!
    Começamos a fazer #BocasMalditas (resenha no twitter) bem por acaso, pelo simples prazer de " tesourar" cada capítulo da novela Insensato Coração (Globo, 2011) e agora vejo o belíssimo post com que você nos presenteou. #Achodigno que você leve sempre em frente seu blog, porque muitos dos nossos alunos vão se espelhar no seu jeito descolado e antenado, rumo a uma carreira no campo da comunicação de muito sucesso. Quanto ao último capítulo da novela Insensato Coração, não é supresa pra você que eu detestei a intrepretação de Eiberto leão (Pedro) e Paola Oliveira (Marina). Casal absolutamente sem química, previsível e sem graça. Fomos graciosamente surpreeendidos pelas atuações de Giovana Lancelotti (Cecília) e Jonathas Faro (Rafa), que soubeream cativar o público e mostrar um romance puro, meigo, em meio a tantos interesses de status. Contrariando a lógica, torci pelo vilão, Léo (Gabriel Braga Nunes), porque soube despertar vários sentimentos no público: desde ódio, raiva pela impunidade de seus atos, até pena, quando o chato a última potência do irmão (Pedro), querendo bancar o Sherlock Holmes tupiniquim , infernizou sua vida e o bateu covardemente, pois sabia que seu irmão não era capaz de revidar a uma violêcia física. Era afrodisíaco ver Léo arquitetando suas maldades e mostrando auto-confiança, charme e coesão no seu comportamento de vilão. Ao contrário de Pedro, que mostrou toda a fragilidade de seu personagem, traindo a noiva com a primeira loira-aguada que apareceu na sua vida, depois, torrou nossa paciência com essa depressão de andar numa cadeira de rodas (Ele deveria ter assitaido a alguns capítulos de Viver a Vida - 2010-11 - e ver a alegria qe Luciana - Aline Moraes - transmitiu na sua interpretação). Se eu já tinha raiva de Eiberto Leão pela falta de expressão dele em cena, agora então, sempre irei associar ele ao Pedro, cara chato, perdido na trama e gigolô por quase toda a novela. Bom, viva às diversidades de opinião e o respeito a essa situação. Continua sempre escrevendo, porque eu simplesmente amo ler e comentar tudo o que você faz. Um beijão!!!

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  3. O blog e o tipo de assunto abordado nesta primeira postagem, sem sombra de dúvidas, É A SUA CARA!!! Rsrsrs... Só lhe desejo as copiosas bênçãos de Deus e todo sucesso neste novo ramo profissional em que você está se inserindo, Robson! Porém, peço-lhe uma coisa, NÃO SEJA TENDENCIOSO, como a maioria dos jornalistas o são; sobretudo, em relação à Igreja ou a tudo que se refere à Fé Cristã ou à religião de modo geral!!!

    "Existe, pois, no seio da sociedade humana, o direito à informação sobre aquelas coisas que convêm aos homens, segundo as circunstâncias de cada um, tanto particularmente como constituídos em sociedade. No entanto, o uso reto deste direito exige que a informação seja sempre objectivamente verdadeira e, salvas a justiça e a caridade, íntegra." (Decreto "Inter Mirifica", sobre os meios de comunicação social, n. 5)

    Um abraço amigo!!!

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  4. Muito bom!

    Gostei do texto, apesar de não ter acompanhado a novela. E ele me deu até vontade de ver Fina Estampa pra poder acompanhar os comentários!

    Confesso que to meio desiludido com a TV aberta faz um certo tempo, mas to começando a considerar a possibilidade de dar uma nova chance!

    E mesmo não conhecendo muito a história da novela, deu pra ver que a revelação do assassino foi mais original dessa vez.

    No mais eu gostei. Ficou um pouco carregado de conteúdo, mas isso é normal, afinal foi o último capítulo!

    Ganhou um leitor :)

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  5. Gostei muito! Bela estreia. Tu falou do episódio de uma maneira que até quem não estava muito por dentro da trama poderia compreender.
    Agora, só vou discordar de ti quanto ao mistério do assassinato de Norma. Na cena em que ela é morta, Norma diz: "Não vai fazer uma besteira". Já eliminava o "assecla" dela, que, já fichado na polícia e tudo mais, não faria sentido ouvir aquilo.
    Com a frase, já dava pra direcionar pra duas pessoas: as personagens de Deborah Evelyn ou Natália do Vale. Ambas da high society e com motivos fortes, essas sim fariam imensa besteira se matassem a Norma. Teriam muito a perder. Mas o autor tirou Evelyn da cena, fugindo com o bombadão lá. Fagundes chegou tarde demais à cena e qualquer outro suspeito não tinha muita força.

    Quando vi a cena na sexta, pensei logo "cara, que óbvio!". Achei meio chato, preferia que ele não desse pistas tão grandes.

    Enfim, tô escrevendo essa resposta muuuuito tempo depois desse final, então posso ter esquecido mais alguma coisa da minha teoria - que a gente até brincou no Twitter e tal.

    Abraço, camarada!
    E só pra lembrar, mandei uns toques pro teu email

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